22/12/2010 10h53
PARA NÍVEA SABINO, A MULHER DE VOOS ALTOS
Chegamos à Praia de João Fernandes em Búzios, bem cedo, pouca gente, bares fechados, um céu ciano a confundir-se com as lindas águas daquele mar profundo feito os sentimentos das artistas. Caminhamos pela areia, fomos ao encontro das pedras e nos deparamos com uma cena digna de um best seller: um rapaz descamava alguns peixes e as gaivotas o rodeavam. E ele, sem que esperássemos, disse: “elas são preguiçosas, quando ver a gente aqui ficam rodeando querendo que a gente dê peixe a elas, não tem coragem de pescar”.
Esta frase levou-me a uma longa viagem à alma humana, comentei com Nívea sobre o livro Fernão Capelo Gaivota de Richard Bach. Talvez aquele rapaz nunca tenha lido Bach, mas sabe a essência de sua obra, de certa forma. E para mim, daquele momento, ficaram várias reflexões: quantas vezes, somos como as gaivotas nos acostumamos com a nossa condição e não temos coragem de ousar, de alçar voos altos para além, muito além do que somos capazes? Quantas vezes, somos Fernão a indignar-se com a condição que nos é imposta e somos capazes de abrir mão de tudo em busca de nossos próprios ideais? Voamos voamos e nos aventuramos em mar alto, desligamo-nos do bando condicionado e buscamos o que estar acima das estrelas? Que gaivota eu sou? Que gaivota tu és?
Olhando para o meu lado, vejo Fernão em Nívea, a mulher de voos altíssimos, a gaivota “rebelde”, a gaivota ousada. Mesmo com todas as adversidades que a vida lhe trouxe: a perda do filho, a separação do esposo, a mudança de cidade, a adequação a um novo estilo de vida, de advogada a dona de casa, do escritório para a cozinha, Nívea não se condiciona ao trivial. Ela sonha com voos altos, quer plainar além do horizonte, para isso Nívea nutre-se de força de vontade, de perseverança e voando leva-nos também a voos plenos em seus belíssimos contos. Nívea sabe que amar é a única condição que devemos nos impor, por isso ela segue em frente sem carregar mágoas de tantos que ainda não aprenderam a se libertar das amarras da rotina. Nívea sabe a lição, por isso ela inova, ela rompe com o comum, ultrapassa o intransponível. Nívea também tem seus medos, suas inseguranças, maso seu desejo de voar cada vez mais alto rumo a realização pessoal e de viver num eterno aprendizado, faz dela um exemplo de gaivota/mulher que segue para um outro plano onde poderá sempre estar aprendendo novas sabedorias.
Nívea, amiga dos voos altos, quero ser tua companheira nestes caminhos, nestas caminhadas...
Publicado por Anna Liz
em 22/12/2010 às 10h53
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