Sinopse:
Começo com uma citação do dramaturgo francês Henri Lenormand: “Cada um tira prazer do instrumento que manejar melhor”. E, auscultando esta obra de Anna, sinto a veracidade desse excerto. A tessitura de Anna é o amor. Amor que se derrama pelo corpo, mente e alma de todas as mulheres que ella (re)visita e encarna em seus “corpus poéticos”. E qual amor e qual mulher e qual ser não traz em suas trilhas o “repertório da perda” do amor infinito e da existência? Sobre “perdas”, a poeta diz: (...) Até quando ganhamos/ perdemos, pois para ganhar/ há de se perder. Sim, a poesia nos permite abraçar nossas perdas e ganhos. Na segunda seção, intitulada Repertório do amor infinito, há uma entrega total da poeta para este amor que tanto buscamos: O amor que acolhe, o amor que abraça, o amor que beija… Em Repertório da existência nos deparamos com as angústias, o vazio, a solidão, tão inerentes aos nossos eus: “É noite, o quarto está escuro, como escura estou” (Do poema Realidade Bukowskiana). Mas, a exemplo de Adélia Prado, põe o amor no pilão, “com cinza e grão de roxo” macera, faz dele cataplasma e põe sobre as feridas. “Eu não sou fria, nem dura, sou uma fogueira implosiva, sou inflamável, sou sonho e amor” (Do poema Sou…) Saudando a grande poeta Anna e encantada com este repertório D'ella, me despeço com Herberto Helder: “Por vezes tudo se ilumina, por vezes canta e sangra”. Agora entrem e também se encantem!