Tem muita gente achando a luta dos professores manipuladora e sentimentalista, por achar que não há necessidade de colocar em tanta evidência o descaso político que a Educação tem sofrido, sobretudo nesta administração, que para muitos representava a esperança e a transformação.
Sendo este, ano de eleição, com certeza, veremos estes sujeitos (candidatos) beijando as crianças que ficaram meses fora da sala de aula, porque não foi pago o piso salarial do professor; visitando as comunidades carentes, que estão quatro anos sem visitar e ficarão mais quatro e, ainda prometendo mundos e fundos como se não houvesse problema de verba. Isso sim é manipulação, é brincar com o sentimento e a dignidade dos outros. E nós sabemos disso mas, muitas vezes, ignoramos.
Então surge um movimento denunciativo. Um movimento que pode derrubar em vez de eleger, que pode denegrir, que pode acabar com a carreira de um político.
Será que o mundo seria perfeito, se todos fossem honestos, se não houvesse tanta maquiagem, se não houvesse tanta manipulação?
Entendamos que os professores estão colocando o dedo na ferida , contando com os recursos de que dispõem: seus gritos, suas articulações, seus teatros, choques de realidade. Os políticos no seu jogo de sedução não usam de todos os artifícios para conquistar o voto do eleitor, musiquinhas, piadinhas e até, dizem alguns, compra de votos  ou troca destes por favores? Se nós aceitamos isso dos políticos, porque ficamos chocados com o que estão fazendo os professores?
Sem falar que o assunto “piso salarial do magistério” é muito mais que uma questão salarial, é uma questão de respeito e dignidade. Se os professores estão sendo inverídicos em sua luta, processo neles. Mas se ninguém consegue provar que eles estão errados, viva a eles. A verdade é que ser do contra nunca foi tão necessário quanto agora.
                                                            (crônica de Ana Elizandra)