E muito difícil escrever poesia em um momento devastador da história. Contudo a poesia é necessária para refletir, mostrar, dar outros sentidos, estetizar a vida, as nossas experiências. Inclusive as tragédias, sejam elas, pessoais ou coletivas, como a pandemia do novo coronavírus. Foi assim que nasceu o livro “Ainda que seja tarde”, em um momento em que tivemos que nos reinventar, aprender a dar uma volta ao mundo em dois passos, a ter olhos de pescadores e extrair do dia a dia, apesar dos temores, ansiedade, angústias e tristezas, o melhor que se podia, vivendo um dia de cada vez e crendo sempre em novo nascer do Sol.
Apesar da pandemia, escrevi, respirei, libertei-me, dei ao momento a tônica necessária para (sobre)viver. O livro “Ainda que seja tarde” surge, dividido em três capítulos: ainda que seja tarde, escrevo; ainda que seja tarde, respiro; ainda que seja tarde, liberto-me.
Senti a necessidade de escrever sobre as dores e angústias
já perdi pai, irmã, filho e amigos.../ando perdendo a saúde e a sanidade também.
/ por isso, eu escrevo, aspiro a flor no jardim e choro ouvindo / Chico, Caetano, Bethânia, Belchior... e/ a canção “I don’t want to talk about it” de Rod Stewart ainda
/mexe comigo...
(Não sei sorrir, p. 24)
sento-me à janela/e vejo que o desaparecimento /de pessoas / faz parte da rotina do mundo. /fujo dos poemas para não enlouquecer, /mas loucura mesmo é não escrever.
(escrever para quê?, p. 30)
Foi um período em que não podíamos fazer grandes viagens, então aproveitei para exercitar o olhar e ver no bairro, na Natureza, a beleza da vida e delas extrair a entusiasmo pela vida
eu gosto de visitar o angelim /que embeleza a minha rua/ ver o capim dourado / a flor da sensitiva/ e outras flores/ que compõem o percurso/ busco na sua simplicidade/ a essência invisível/ (aos olhos ávidos por poder) de SER e não só ESTAR.
(pausa, p. 39)
o sol, o céu, o campo/ o vento, o monte, o rio/ um ingazeiro na barreira/ um curral de vacas magras/ a casa de taipa ainda de pé... / eis meu lugar! / aqui reconheço o murmúrio do meu verso
(do alto do monte, p. 44)
Foi também um tempo de pensar nas perdas, de olhar para si mesma e lançar mensagens de autoestima
viver sem felicidade é/ como manter os olhos abertos/ na escuridão
(viver sem felicidade, p. 48)
neste momento, estou aqui sozinha na praia/ e contemplo o sol sentada na areia, / alheia ao tempo, o mar é gentil/ enquanto me traz flashes...
(de encontro, p. 51)
só vejo anjos quando/ exausta cerro meus olhos
(uma mulher morrendo, p. 63)
meu corpo é o mapa/ das minhas conquistas e/ das minhas desilusões/ não quero ser imitação/ quero mesmo ser “fora do padrão”
(fora do padrão, p. 73)
E assim, “ainda que seja tarde”, lanço- me mais uma vez na poesia, para não sucumbir nas minhas desilusões. Para fazer esse mergulho poético, você pode adquirir o livro com a autora ou nos links abaixo:
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